Thursday, January 29, 2015

e perante tudo isto?

como esperam que acredite em religião ou em alguém que, na sua sabedoria, nos guia e protege? Não, não falo sequer de mim e do meu sentimento vespertino de abandono, mas como esperam que creia num ser que, a existir, assiste -  impávido e condescendente - à morte de inocentes, seja no meio de combates ou de fome, ou numa explosão de gás num hospital, ou numa qualquer latrina por não serem amados ou desejados pelos pais? Como esperam que creia, quando se mata em nome desse ser, como se fosse o dever  mais natural de quem crê? Como esperam que creia quando, todos os dias e num qualquer jornal, há mais uma notícia de uma mulher morta por quem se recusa a  ouvir um não? Como esperam que creia, quando as condições de vida de quem se esforça se tornam mais precárias e os tubarões continuam a nadar em mares largos de ambição? Não creio! Ainda assim, gostava que ele, a existir, me desse um grande bofetão e me mostrasse que tudo faz sentido... Mas não faz, lamento e por isso não creio...

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