Pessoalmente, não sou grande adepta da comemoração do dia, talvez porque mulher é-se sempre, com toda a beleza ou com a toda a agrura que isso possa trazer. Tal como um pai ou uma mãe, é-se tão simplesmente, é uma condição que não contempla folgas ou feriados. Mas a existência do dia implica algo mais premente, implica a memória de que o reconhecimento da dignidade às vezes, e para muitas mulheres, não passa de uma miragem e de que o lento girar do mundo não desencadeia as mudanças desejadas.
Não sou totalmente feliz e faltam-me muitas coisas para ambicionar poder dizer que o sou (certamente nunca o vou conseguir dizer), mas sinto-me afortunada porque não sinto fome nem sede ou frio, tenho família e amigos e – melhor ou pior –, tenho um trabalho; tenho (ainda!) liberdade de expressão e movimentos e posso lutar pelo que quero, sem ter o receio constante da violência a pairar sobre mim. Felizmente cresci num meio que me protegeu no tempo certo e que minimamente, pelo menos, me valoriza, mesmo que às vezes eu não o faça a mim própria. Talvez por isso, mesmo que não o comemore, deva servir este dia para lembrar que a condição de ser mulher para muitas não é sinónimo de uma condição feliz. Talvez por isso, este dia continue a fazer sentido.
P.S.: Vejam lá bem que até a empresa distribuiu uma florzinha J
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