Pois... como não apetece mexer no "Relatório", porque estou chateada porque o leitor de CD/DVD do meu comp. pifou e porque não estou a gozar as férias que tanto merecia, vou escrever sobre um país que me fascina muito mesmo: Argentina.
Muitas das pessoas que me conhecem (senão a maioria) não sabem deste meu forte desejo de viajar até ao país do tango e do Maradona:-), mas a verdade é que, neste momento, dava tudo pra ter coragem pra comprar uma passagem de avião e passar lá um ano.
Acho que nem eu percebo esta pancada pela Argentina, senão vejamos: não conheço ninguém que lá tenha estado, não tenho lá familiares (só no Brasil) e... não tenho mesmo nada que me ligue ao país. Aliás, eu tb não queria conhecer todo o país; quero lá saber das Pampas ou da Patagónia, o meu fascínio concentra-se num só lugar, que espero vir a conhecer brevemente: Buenos Aires.
Aposto que deve ser uma cidade espantosa. Situada na margem do Rio da Prata, foi a cidade onde mais se viveram os horrores na Ditadura, vivida entre 76 e 83 e imposta por Videla, Masseri e Agosti. Ninguém é indiferente aos relatos dos repentinos desaparecimentos de 30 000 pessoas, da estranha "política" de adopção dos filhos dos presos políticos, dos massacres ocorridos na ESMA (Escola Superior de Mecânica da Armada) e do lançamento de milhares de opositores ao Rio da Prata.
É ainda mais arrepiante saber que, ainda hoje, as Mães de Maio se reúnem na praça com o mesmo nome em busca dos seus filhos desaparecidos todas as quintas-feiras.
Pela História de sofrimento me fascina esta cidade, mas a minha paixão por algo que nunca conheci prende-se com algo que me deixa aturdida por completo: o tango. Eu, uma pessoa que sempre foi tão virada pra dança e pró rock alternativo, descobri que me passava completamente com a música de Astor Piazzola e Carlos Gardel.Na verdade, adorava ouvir tudo o que é tango. Comecei pelos álbuns dos Gotan Project (um bocadinho diferente do verdadeiro tango, sim)mas agora espero que este meu gosto seja aprofundado em Buenos Aires, na Praça de Maio ou na Avenida 9 de Julho, nas casas mais chiques ou nos botequins mais rascas. Só quero é ir lá e não conseguir nunca recuperar do assombro que me há-de atingir, assim que puser os pés na cidade.
Até lá, como não vejo que isto se realize a curto prazo, vou-me contentando se puder com filmes como "Aconteceu na Argentina", "Botín de Guerra","Kamchatka", "Um muro de silencio", etc (ainda só consegui adquirir o 1º). também era bom que começassem a vender em Portugal os livros de Martín Kohen e de Elsa Osório, acerca dos quais tenho muita curiosidade.
E como já dei (bastantes) largas ao meu devaneio por hoje, é melhor cair na realidade, deixar de sonhar alto e voltar à triste tarefa de análise da tragédia grega, Eurípides, Orestes, bla bla bla bla...
Whatever...
